20/05/2011

Agentes da dengue passam a trabalhar 8 horas por dia

Responsáveis pelo combate ao mosquito Aedes aegypti, os 320 agentes municipais de endemias decidiram ontem, em assembleia, que a partir de 1º de junho, passam a trabalhar as oito horas diárias, descartando nova greve. Além disso, a Secretaria Municipal de Saúde vai colocar nas ruas, na próxima semana, 140 dos 150 agentes com contratos temporários. Com isso, a SMS espera concluir, em até dois meses, o segundo ciclo de visitas aos domicílios em Natal.
Esse segundo ciclo deveria ter sido finalizado no final de abril. No início de julho, as equipes já deveriam estar iniciando o quatro ciclo (julho/agosto). “Vamos garantir a normalidade das visitas em sua integralidade”, afirmou o o coordenador do programa, Alessandre Tavares.

Segundo ele, as visitas serão intensificadas nas regiões leste e oeste da cidade, que têm altos índices de infestação, de acordo com o Levantamento Rápido de Infestação (Lira). Os bairros que terão incremento de visitas são os mesmos percorridos pelos carros-fumacê, nas últimas semanas. São eles: Alecrim, Barro Vermelho, Lagoa Nova, Nova Descoberta, Dix-Sept Rosado, N. S. de Nazaré, Bom Pastor, Nordeste, Quintas, Tirol, Lagoa Seca, Cidade Alta, Petrópolis e Areia Preta.
“Se o município continuasse atuando apenas com os 320 agentes municipais não seria possível nem concluir o segundo ciclo. Estamos corrigindo isso agora com a contratação deses 150 e estabelecendo uma estratégia para tentar fazem além do que seria possível com os 320”, afirmou Alessandre Tavares.

Na tentativa de cumprir os seis ciclos estabelecidos pelo Ministério da Saúde, o programa vai trabalhar com controle setorial e tentar reduzir o tempo entre as visitas domiciliares. Ele anunciou que, na próxima semana, a prefeitura vai adquirir 10 motos para reforçar as notificações do Lira e que o Disque-dengue já está funcionando com dois ramais.

Ele explicou que o setor já fez o treinamento com 140 agentes temporários, que estão aptos a ir para campo. Os outros dez seriam inseridos em treinamento na próxima semana. Na assembleia de ontem o presidente do Sindicato doa Agendes de Saúde – Sindas/RN, José Salustino, afirmou que ainda falta treinamento de campo para tornar esses agentes aptos a trabalhar com o larvicida e que a categoria fará seu papel, de treinar esse pessoal. Ele enfatizou a necessidade de melhorar as condições de trabalho, fornecendo as ferramentas necessárias, como EPIs; escala, lanternas e fardamento adequado para todos.

Municipalização

A assembleia ocorreu no Sindicato dos Previdenciários do RN e terminou por volta do meio-dia. Para cumprir essa jornada de oito horas diárias, os agentes vão receber uma complementação de alimentação de R$ 10,00 por dia efetivamente trabalhado. Esse valor só será pago ao final do mês de junho. O auxílio resulta num impacto de aproximadamente R$ 112 mil/mês no orçamento do executivo municipal.

Num plenário lotado, a categoria defendeu a municipalização da coordenação do Centro de Zoonoses. Atualmente, os cargos de coordenação e supervisão são ocupados por servidores da Fundação Nacional de Saúde – Funasa. “Temos agentes com oito, dez anos de experiência qualificados e que podem desempenhar muito bem essas funções”, afirmou o presidente do Sindas/RN, José Salustino.

Segundo ele, o descontentamento dos agentes acontece porque há um planejamento equivocado no combate à dengue por parte do Centro de Zoonoses. “A prefeitura paga uma gratificação boa a esses servidores da Funasa, mas eles não estão qualificados e adotam uma metodologia  arcaica”, afirmou José Salustino.

A municipalização está na pauta de reivindicações entregue na quarta-feira em audiência de negociação na Prefeitura de Natal. Segundo Salustino o combate à dengue não está sendo eficiente por o município trabalhar com um número insuficiente de agentes. “Desde 2009, o sindicato vem alertando para a necessidade de contratar mais agentes, diante dos altos índices de infestação e de casos da doença, mas a prefeitura preferiu a terceirização, num contrato desastroso”.

Avaliação positiva

O diretor do Sindicato dos Agentes de Saúde – Sindas/RN, Cosmo Mariz, faz uma avaliação positiva do movimento. “Esse retorno é positivo, primeiro porque voltamos sem desconto dos dias parados na última greve e conseguimos a complementação de refeição de R$ 10,00, quando a guarda municipal é R$ 7,00. É um retorno estratégico e positivo”, diz.

Durante duas semanas, de 02 a 16 de maio, os agentes de endemias estiveram em greve. Na assembleia, os agentes também decidiram continuar lutando pela instituição de uma gratificação específica de R$ 375,00. “Vamos dar um prazo a Prefeitura de 90 dias para que implante essa gratificação, depois faremos nova assembleia e o movimento de greve pode ser retomado”, informou Cosmo Mariz.

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